BRUNO DOURADO DA SILVA 08/04/2013
RESENHA ACERCA DO DOCUMENTÁRIO SIMONAL – NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI
FICHA TÉCNICA
DIRETOR: Claudio Manoel, Micael Langer, Calvito Leal
ELENCO: documentário com depoimentos de: Silvio Mieli, Pelé, Nelson Motta, Simoninha, Max de Castro, Jaguar, Rafael Viviane, Chico Anysio, Ricardo Cravo Albin
PRODUÇÃO: Claudio Manoel, Micael Langer, Calvito Leal
ROTEIRO: Claudio Manoel
FOTOGRAFIA: Gustavo Habda
TRILHA SONORA: Berna Ceppas
DURAÇÃO: 84 min.
ANO: 2008
PAÍS: Brasil
GÊNERO: Documentário
COR: Colorido
DISTRIBUIDORA: Moviemobz
Resenha Sobre o Documentário: Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei
A sociedade desde os seus primórdios busca estabelecer divisões, estas que por vezes superam as expectativas esperadas, onde alguns setores que realizaram a sua ascensão poderão um dia te derrubar.
O documentário “Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei”, retrata justamente isso, os poderes vigentes da ditadura e seu jornalismo que estava a se modificar, ao passo que transformava tudo por onde passava. O vídeo aborda de maneira envolvente a carreira de Wilson Simonal, um astro da Bossa Nova, que conquistou o país naquela época como também mais tarde, veio a se tornar alvo de olhares tortuosos.
A vida de Wilson Simonal começa nos anos 60, filho de empregada doméstica com cabo do Exército negro e pobre; ele conseguiu alcançar o sucesso musical, fama e bastante dinheiro com seu jeito alegre e cativante. Durante todo o desenvolver do documentário, podemos notar o bom trabalho executado pelos seus realizadores, um roteiro trabalhado em cima dos depoimentos de amigos e conhecidos de Simonal, que, diga-se de passagem, foram bem escolhidos e elaborados, pessoas de renome que conviveram com o músico, contaram suas versões do ocorrido. Desta maneira mostrou que realmente foi feita uma boa pesquisa durante a sua produção.
Devemos nos salientar também, de que a visão dos diretores foi interessantíssima, ao mostrar os diferentes lados de toda a trama, ou seja, não se contentar em mostrar somente uma versão, trazendo um ato de imparcialidade difícil de ver nos dias atuais, como por exemplo, no depoimento do funcionário que moveu ação trabalhista contra Simonal, alegando que sofreu tortura por parte de um amigo do mesmo, que era policial do DOPS, ele conta como tudo aconteceu e fala que não perdoou o cantor, pois o mesmo não teve pena dele em detrimento dos maus tratos recebidos na sede do DOPS. Assim transpassa o sentimento de que realmente não podemos julgar um ser, sem que se conheça a veracidade dos fatos. há também o enfoque sobre a forma utilizada pela mídia da época que julgou e condenou Simonal, após anos em depressão o cantor morreu em decorrência do alcoolismo, é utilizado nas técnicas de edição o flashback onde o artista conta a história e é reforçado com o Simonal contando, a direção busca de forma brilhante mostrar o carisma de Simonal, e o seu total desânimo após as denuncias.
“Simonal imperou no Brasil através de seu canto, sua presença de palco
e sua intuição de malandro carioca, mas se deixou inebriar pelo sucesso, corrompeu-se pela ilusão do poder e resolveu “peitar” até as Organizações Globo (comercialmente) e a hegemonia da nossa “intelligentsia” de esquerda (ideologicamente) – foi expelido pelo sistema, foi execrado pela intelectualidade, teve desestruturada sua vida, teve destruído seu trabalho, afogou as mágoas no álcool e morreu em consequência de tudo isso, com pouco mais de 60 anos, em2000. (BORGES, p. 1, 2009)
Partindo para o lado jornalístico, é notável a diferença que nos é estabelecida entre o se fazer jornalismo na década de 60, onde este se encontrava em constantes transformações desapegando-se assim, do lado literal e passando a se dedicar a versão real, uma identidade de sensações. Contudo, é perceptível as convergências e divergências para com o mundo jornalístico atual que continua a fazer pré-julgamentos,
Famoso por sua ousadia conseguia reger nos seus shows uma plateia de aproximadamente 50 mil pessoas, a carreira de sucesso de Wilson Simonal desmoronou após o surgimento de um suposto envolvimento do mesmo com o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), que era um órgão do governo ligado diretamente a ditadura civil e militar, passando a ser acusado de colaborador e delator daquele regime de repressão, sua reabilitação moral ocorreu em 2003, com a conclusão do processo pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil.
Para concluir podemos dizer que é um prazer assistir á um trabalho desses, que conta uma história fantástica, fazendo-nos viajar ao passado num dos períodos mais turbulentos da história do Brasil, analisando as versões dos fatos, e tentando interpretar o que levou Wilson Simonal do total sucesso ao fracasso irreversível.
REFERÊNCIAS
DOCUMENTOS ELETRÔNICOS
BORGES, Julio Daio. (2009). A vida e o veneno de Wilson Simonal. Disponível em
https://www.digestivocultural.com/arquivo/nota.asp?codigo=1630. Acessado no dia 21/04/2012.